American Psycho (2000)
Director: Mary Harron
IMDb: 7,6
Drama, Black Comedy
American Psycho, filme baseado na obra de Bret Easton Ellis,
retrata a vida de Patrick Bateman empresário de Manhattan nas horas de
expediente, assassino nas horas vagas. Bem-parecido e abastado de posses
monetárias, não é difícil para Patrick inserir-se no meio da upper-class de Wall Street: este tem
extremo cuidado com o seu corpo e a sua imagem, algo que chega a ser obsessivo;
vai aos restaurantes mais caros e dá-se apenas com a gente mais influente; tem
uma namorada bonita e um trabalho de sonho. No entanto, Patrick vive uma vida
de fantasia onde o mais importante é parecer e não ser. Deste modo, a
personagem impecavelmente interpretada por Christian Bale é a representação
perfeita do estilo de vida de Wall Street que é pretendido satirizar no novel
de Bret Easton Ellis: Patrick é apenas um corpo que pouco ou nada vive,
obcecado pela sua aparência e pelo que os outros acham dele, onde predominam,
em si, sentimentos como a inveja e a avareza, o nojo e a raiva e cada vez que
estes sentimentos aumentam em relação a alguém, Patrick não pode deixar de
matar alguém para o ajudar a sentir mais ‘’normal’’.
O grande problema é que Patrick
já não consegue controlar a vontade de matar, este tem que o fazer sempre que alguém
o ‘’desafia’’- e por desafiar quero dizer que basta que alguém tenha um cartão
de negócios melhor que o dele, um cabelo melhor cortado ou um fato mais caro. Para
além disso, é diariamente confrontado com pessoas que o incomodam profundamente
como Paul Allen, interpretado pelo actor/músico Jared Leto ou o inspector Donald
Kimball, que subitamente começa a investigar a vida de Bateman, interpretado
pelo sempre estranho William Dafoe.
Apesar de tudo isto parecer muito
escuro e pervertido, American Psycho, é
dotado de uma comédia especial e que não agradará a todos – Patrick é um homem desequilibrado,
cínico e de tal modo egocêntrico que os seus actos de tão fora do normal e alucinados
que são nos fazem rir. Rir para não chorar.
American Psycho é então uma
verdadeira questão à sanidade humana e à teatralidade da vida. Se Patrick consegue
esconder tudo o que sente, quem não consegue? Mas afinal, quem é que conhecemos
realmente? Quantas máscaras usamos nós e os outros ao longo da vida? É de
destacar então a performance sensacional de Christian Bale que interpreta cada
expressão (ou falta dela) na perfeição. Para mim, este foi o melhor trabalho do
actor.
Quanto à música, é um dos focos
centrais do filme. Passando-se a acção nos anos 80 e sendo Patrick um homem
moderno, vamos ouvindo a sua playlist ao longo da pelicula. O filme serve de
best off dos anos 80: desde os clássicos dos Genesis e de Phill Collins a
baladas de Whitney Houston, há música para todos os gostos.
No entanto, houveram duas cenas que
me marcaram especialmente. Nesta primeira cena (SPOILER ALERT) Patrick prepara-se
para matar mais uma vítima. Enquanto cobre o chão de jornal e se veste com um impermeável
explica à sua vitima a música que estão a ouvir e toda a teoria musical por de
trás desta, enquanto até faz uma pequena dança, sendo uma das cenas mais carismáticas do filme e, certamente, uma cena marcante para o cinema.
Patrick ouve o
clássico ‘’Walking on Sunshine’’ enquanto caminha no seu emprego. O que marca nesta cena é o facto de Patrick ser o oposto da música que ouve. Ouve esta música especialmente animada mas na verdade é uma pessoa que
não se revê nela, nem se quer se encontra um ponto identificável. Patrick
ouve música apenas para ser um homem moderno e estar dentro das modas que eram
actuais.
I have all the characteristics of a human being: blood, flesh, skin, hair; but not a single, clear, identifiable emotion, except for greed and disgust. Something horrible is happening inside of me and I don't know why. My nightly bloodlust has overflown into my days. I feel lethal, on the verge of frenzy. I think my mask of sanity is about to slip.
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