29/11/2015

American Psycho

American Psycho (2000)
Director: Mary Harron
IMDb: 7,6
Drama, Black Comedy



American Psycho, filme baseado na obra de Bret Easton Ellis, retrata a vida de Patrick Bateman empresário de Manhattan nas horas de expediente, assassino nas horas vagas. Bem-parecido e abastado de posses monetárias, não é difícil para Patrick inserir-se no meio da upper-class de Wall Street: este tem extremo cuidado com o seu corpo e a sua imagem, algo que chega a ser obsessivo; vai aos restaurantes mais caros e dá-se apenas com a gente mais influente; tem uma namorada bonita e um trabalho de sonho. No entanto, Patrick vive uma vida de fantasia onde o mais importante é parecer e não ser. Deste modo, a personagem impecavelmente interpretada por Christian Bale é a representação perfeita do estilo de vida de Wall Street que é pretendido satirizar no novel de Bret Easton Ellis: Patrick é apenas um corpo que pouco ou nada vive, obcecado pela sua aparência e pelo que os outros acham dele, onde predominam, em si, sentimentos como a inveja e a avareza, o nojo e a raiva e cada vez que estes sentimentos aumentam em relação a alguém, Patrick não pode deixar de matar alguém para o ajudar a sentir mais ‘’normal’’.


O grande problema é que Patrick já não consegue controlar a vontade de matar, este tem que o fazer sempre que alguém o ‘’desafia’’- e por desafiar quero dizer que basta que alguém tenha um cartão de negócios melhor que o dele, um cabelo melhor cortado ou um fato mais caro. Para além disso, é diariamente confrontado com pessoas que o incomodam profundamente como Paul Allen, interpretado pelo actor/músico Jared Leto ou o inspector Donald Kimball, que subitamente começa a investigar a vida de Bateman, interpretado pelo sempre estranho William Dafoe.
Apesar de tudo isto parecer muito escuro e pervertido, American Psycho, é dotado de uma comédia especial e que não agradará a todos – Patrick é um homem desequilibrado, cínico e de tal modo egocêntrico que os seus actos de tão fora do normal e alucinados que são nos fazem rir. Rir para não chorar.


American Psycho é então uma verdadeira questão à sanidade humana e à teatralidade da vida. Se Patrick consegue esconder tudo o que sente, quem não consegue? Mas afinal, quem é que conhecemos realmente? Quantas máscaras usamos nós e os outros ao longo da vida? É de destacar então a performance sensacional de Christian Bale que interpreta cada expressão (ou falta dela) na perfeição. Para mim, este foi o melhor trabalho do actor.
Quanto à música, é um dos focos centrais do filme. Passando-se a acção nos anos 80 e sendo Patrick um homem moderno, vamos ouvindo a sua playlist ao longo da pelicula. O filme serve de best off dos anos 80: desde os clássicos dos Genesis e de Phill Collins a baladas de Whitney Houston, há música para todos os gostos.

No entanto, houveram duas cenas que me marcaram especialmente. Nesta primeira cena (SPOILER ALERT) Patrick prepara-se para matar mais uma vítima. Enquanto cobre o chão de jornal e se veste com um impermeável explica à sua vitima a música que estão a ouvir e toda a teoria musical por de trás desta, enquanto até faz uma pequena dança, sendo uma das cenas mais carismáticas do filme e, certamente, uma cena marcante para o cinema.

Patrick ouve o clássico ‘’Walking on Sunshine’’ enquanto caminha no seu emprego. O que marca nesta cena é o facto de Patrick ser o oposto da música que ouve. Ouve esta música especialmente animada mas na verdade é uma pessoa que não se revê nela, nem se quer se encontra um ponto identificável. Patrick ouve música apenas para ser um homem moderno e estar dentro das modas que eram actuais.


I have all the characteristics of a human being: blood, flesh, skin, hair; but not a single, clear, identifiable emotion, except for greed and disgust. Something horrible is happening inside of me and I don't know why. My nightly bloodlust has overflown into my days. I feel lethal, on the verge of frenzy. I think my mask of sanity is about to slip.

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