Trainspotting (1996)
Director: Danny Boyle
IMDb: 8,2
Trainspotting, filme baseado no livro de Irvine Welsh que
conta a história de Renton (Ewan McGregor) um viciado em heroína e do seu
peculiar grupo de amigos, também eles toxicodependentes. É, sem dúvida, um dos
filmes essenciais dos anos 90 e também um dos mais marcantes dentro da colecção
de películas que dizem respeito ao mundo das drogas. Através da escolha de um
bom elenco, Danny Boyle e companhia retratam a camada toxicodependente da
sociedade britânica sem qualquer preconceito e vergonha.
Variando entre momentos de comédia e melancolia,
Trainspotting é um filme muito mais sério do que parece: no início, somos confrontados
com os pros da heroína e como esta faz com que as personagens se sintam
completas, mas à medida que assistimos ao dia-a-dia destas pessoas apercebemo-nos que
esse vazio preenchido pela heroína deixa um vazio muito maior na vida dos que os
rodeiam. O slogan do filme Choose Life mostra-se então bastante
irónico, sendo que estes viciados escolhem não viver, vivem, mas aprisionados pela
droga que lentamente os afasta do mundo real. Conhecendo então a história de
Renton e o impacto maioritariamente negativo que a heroína teve em si e nos
seus amigos, há momentos que considerei chocantes e em que senti a degradação
por que um junkie pode passar para
ter mais uma dose.
Passando à música e começando pelo início, o filme é inaugurado
pela icónica cena das personagens principais do filme a correr ao som de Lust For Life do cantor Iggy Pop. Acompanhada
pelo famoso discurso de Renton, esta cena é das minhas preferidas do filme e é,
certamente, uma das cenas mais mediáticas do cinema dos anos 90.
Depois de uma das cenas mais perturbantes que o filme tem
para oferecer aparece a música Sing
dos Blur. Para mim, não poderia ter sido melhor escolha, porque para além de
ter um apreço especial pela banda, tanto a melodia, como a letra encaixam
perfeitamente naquele momento: If the
child in your head / If the child is dead/ Sing to me.
Numa das cenas em que Renton injecta heroína e está numa trip, somos confrontados com a popular Perfect Day de Lou Reed que encaixa,
mais uma vez, perfeitamente na cena que é filmada. O contraste entre a psicadélica
viagem de Renton e a música - que por si só é calma, relaxante e que, no geral,
nos faz sentir bem - é fantástica, criando um misto de sentimentos contraditórios,
vemos algo que nos é estranho e que nos choca enquanto ouvimos uma música que
nos tranquiliza. Podemos também relacionar a letra com a relação que Renton tem
com a heroína: Oh, it's such a perfect day/
I'm glad I spent it with you/ Oh, such a perfect day/ You just keep me hanging
on.
Recheado de bons momentos cinematográficos,
Trainspotting, é um filme que não se aconselha aos mais sensíveis. Fere suscetibilidades
e quebra preconceitos, enquanto é acompanhado de uma banda sonora escolhida a
dedo composta maioritariamente por artistas britânicos. Não é fácil de se ver, mas no final sente-se que valeu a pena. Por tudo isso e muito mais, é um filme que merece ser visto. Choose Life.


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