25/08/2015

Os Gatos Não Têm Vertigens

Os Gatos Não Têm Vertigens (2014)
António-Pedro Vasconcelos
IMDb: 7,4




Os Gatos Não Têm Vertigens “porque têm sete vidas”. Com tudo para resultar num fantástico filme, pelo cast, temas abordados e pela formidável luz, António-Pedro Vasconcelos (que desempenha um pequeno papel) é responsável por um agradável e típico filme para ver ao domingo com a família pelos seus planos planos pouco originais e argumento comercial.

A idosa de 73 anos, Rosa (Maria de Céu Guerra), fica viúva de Joaquim (Nicolau Breyner) vendo-se obrigada a lidar com a solidão a que nunca havia estado habituada. Jó (João Jesus) vive à mercê dele próprio, abandonado pela mãe e maltratado pelo pai, é considerado um marginal. No seu aniversário de maioridade Jó é expulso de casa e termina no terraço do prédio de Rosa. É aqui que a vida de ambos se cruza.



Uma história de amizade entre dois outsiders, em que o adolescente compensa a falta de carinho e protecção por parte dos progenitores na sua relação com Rosa enquanto esta volta a sentir a utilidade e estima que não provara desde a partida física do seu marido. Com o desenrolar da acção é-lhes dificultado a manutenção do mútuo apoio e compreensão, sendo que a conexão mental e emocional entre ambos supera as dificuldades impostas por interesses e desdém de outros.

O título é sugestivo e pode associar-se aos vários recomeços que as personagens podem alcançar se possuírem espírito felino - sendo que as quedas a ser dadas sejam de pé e com a intenção de voltar a atacar - como os gatos. 
Temos uma boa performance por parte de ambos os protagonistas e há salpicos de bom humor e ideias - como a crise monetária e de valores ou a solidão demonstrada de várias formas - contudo finda em clichés e cenas previsíveis. Um final fácil de adivinhar com uma moral positiva, que dá a sensação de conto de fadas depois de tanto drama, por vezes exagerado e desmedido. Fiquei com a impressão de que podia ter sido explorado de outra maneira, menos redutora. Não que seja um mau filme só fica aquém do que podia ter sido, se tivessem optado por arriscar.

Para lá da luminosidade que Lisboa tão naturalmente oferece, temos a saudade, a alma e a melancolia bem retratada em pontuais cenas pelos actores Maria de Céu Guerra, Nicolau Breyner e João Jesus. O fado, que é em tanto associado à identidade portuguesa, faz também parte do leque de pontos positivos desta obra.
A canção original, escrita pelo realizador e interpretada pela fadista portuguesa Ana Moura é um tema que penetra o ouvinte, um fado comercial que se enquadra perfeitamente neste estilo de fazer cinema.


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