22/02/2016

Girls

Girls (2012-)
Creators: Lena Dunham
IMDb: 7,4
Comedy, Drama
HBO



"I don't want to freak you out but I think that I might be the voice of my generation. Or at least a voice of a generation". Guess what? You freaked me out!Ter alguém a afirmar ser a voz da minha geração é algo importante numa década em que muitos são vozes, mas só deles próprios e não de uma geração. Queria, então, perceber se Hannah seria mais um pássaro que só tem voz para cantar melodias de embalar ou se realmente teria canto de voos mais altos. E assim começou a minha relação com esta série que durou apenas uma semana. Caso houvessem mais temporadas teria durado um pouco mais, ou então não. Tudo iria depender da quantidade de matéria que tinha para estudar.

Para aqueles que ainda estão na dúvida se esta relação era má ou boa, tenho a dizer que era uma relação extremamente feliz. Em pouco mais do que três episódios apaixonei-me por estas quatro raparigas que mais pareciam as minhas amigas de infância. Hannah, Marnie, Jessa and Shoshanna, cada uma com os seus traços que as tornam tão diferentes, são tudo aquilo que uma rapariga encontra em si, espelhado em quatro personagens diferentes. 

Hannah, a voz da nossa geração, é o tipo de rapariga que sempre foi dependente dos seus pais. Não são os seus 10 quilos a mais, que a própria admite que sempre terá, que a fazem perder a sua confiança.  Aliás, se a personagem que não tem pudores em andar nua é mesmo ela. Contudo, as tatuagens que tem pelo corpo foi a forma que arranjou de ultrapassar os problemas de auto-estima que teve durante os anos do High School, quando ganhou algum peso. Sonha ser escritora e apesar de já ter estado muito perto de ver as suas palavras serem publicadas, algo sempre acontece e impede que este seu sonho se realize. Fala pelos cotovelos e não tem medo de dizer o que pensa mas são os seus devaneios e pensamentos que surgem no meio das conversas, por vezes sem qualquer nexo, que a tornam tão especial.




Já Marnie é, num primeiro momento, apresentada como a rapariga perfeita. Bem lançada na sua carreira, parece ter um plano de vida invejável para aqueles que andam mais perdidos. Mas tudo muda quando a sua relação amorosa de vários anos termina. Marnie passa por um período mais difícil em que terá de reencontrar-se. É neste caminho que encontra alguém que lhe diz para seguir o seu sonho e fazer algo em que seja realmente boa. É, então, que começa a sua carreira de cantora, ainda que um pouco atribulada. A menina perfeita, que se levantava às 6h30m da manhã para ir para o seu trabalho de sonho, com o seu vestido engomado sem nenhum vinco e o seu Starbucks na mão, vira a menina rebelde que decide deixar para trás uma carreira promissora e seguir o seu sonho no mundo da música.

A primeira impressão que temos de Jessa é que é a cool girl que todas gostávamos de ser. Despreocupada e rebelde, leva a vida sem preocupações. Por debaixo da sua máscara de rapariga hippie que quer viver segundo o famoso lema Carpe Diem, esconde a infelicidade de uma infância complicada passada sem o seu pai para a ajudar a superar a dor de ver a sua mãe doente. A falta de apoio em casa, conduziu-a a consumir drogas numa idade muito jovem. Ainda luta contra o seu vício que parece ser um escape para a sua realidade: as constantes relações conturbadas com os homens que entram e saem da sua vida.


O último membro deste quarteto é Shoshanna. Shoshanna é, sem dúvida, a rapariga mais peculiar de entre as quatro. Com o seu estilo distinto, destaca-se do resto do grupo por ser a mais nova e por falar mais rápido do que os limites do imaginável. Mas não é por ser mais jovem e por terem tanta rapidez no seu discurso que deixa de ser menos sensata. Inteligente e determinada, conclui os seus estudos na Universidade de Nova Iorque. Tem o seu futuro bem planeado, falta-lhe apenas que o destino jogue a seu favor para que os seus sonhos se possam concretizar.

A imaginação da Hanna, a frontalidade da Marnie, a despreocupação da Jessa, a originalidade da Shoshanna é algo que facilmente reconhecemos em nós quando nos olhamos ao espelho. Ou pelo menos é algo que eu vejo. São as suas características tão comuns que tornam estas personagens identificáveis com qualquer raparigas moderna. Não pensei que me fosse identificar tanto com Girls, mas a sua aura jovem e descontraída permitem a esta série entrar nas nossas vidas e não sair da nossa barra de favoritos do nosso navegador enquanto não acabarmos de ver todas as temporadas. Acabo este artigo com uma afirmação que talvez gere o ódio de algumas pessoas mas a verdade é que não posso deixar de dizer que Girls é o Sex and the City  dos meus tempos. Numa versão mais jovem e irreverente e com sapatos e malas mais baratos, estas quatro raparigas vivem Nova Iorque numa maneira que recorda os tempos de Carrie, Samantha, Miranda e Charllotte.


Sem comentários:

Enviar um comentário