23/09/2015

True Detective (Season 2)

True Detective (2014-)
Director: Nic Pizzolatto
IMDb: 9,2
Drama



A segunda season de True Detective deixou muito a desejar. Se faz com que, de repente, seja uma má série? Não, de todo. Até porque a genial primeira season deixa Nic Pizzolatto numa posição confortável, tendo espaço para criar sem que seja monumentalmente criticado. No entanto, a expectativa criada da primeira para a segunda season era imensa, esperando-se muito melhor do que se apresentou. Pedia-se mais: mais emoção, mais mistério, mais envolvimento entre o espectador e as personagens, no fundo, pedia-se mais season um.

Muda-se a temporada, muda-se a história. Desta vez somos confrontados não com duas mas com quatro personagens principais. Colin Farrell interpreta o detective Ray Velcoro, um homem profundamente marcado pelo passado, perturbado pela realidade que vive, corrupto, é o bad cop. Rachel McAdams é a detective Ani Bezzerides, uma personagem muito semelhante a Velcoro, pesados e melancólicos, diferem na abordagem que têm no trabalho: apesar de saber que existe pouca honestidade no seu meio, Bezzerides tenta ser o mais justa possível enquanto Velcoro já não acredita na justiça. Ambos visceralmente desgostosos, tentam resolver o caso da suspeita morte de Ben Caspere, que é encontrado à beira de uma auto-estrada pelo polícia Paul Woodrugh (Taylor Kitsch), também uma das quatro personagens principais. Finalmente, Vince Vaughn é Frank, homem de negócios sujos, amigo de Velcoro e com ligação a Caspere, é uma personagem dúbia e que, sinceramente, nunca percebi bem o seu objectivo na série.


Explorando, mais uma vez o lado negro das personagens, sendo este um dos pontos fortes de ambas as temporadas, esta segunda mostra-se muito mais confusa. O plot é desordenado e a história simplesmente não é cativante. Dava por mim perdida a ver o episódio porque não percebia o seguimento da narrativa, haviam tantas personagens principais com tanta história por trás que o segmento principal se foi perdendo (é mau de mais se disser que se chega a tonar irrelevante?). A verdade é que há muita palavra e pouca acção. Era preciso chegarem os últimos 10 minutos de episódio para vermos algo verdadeiramente relevante e que nos deixa-se entusiasmados, ansiosos pelo próximo. É verdade também, que a escolha do cast foi no mínimo estranha e controversa, mas portaram-se todos bem. Há algum tempo que não víamos Colin Farrel a interpretar um papel tão conciso e não me lembro de Vince Vaughn alguma vez fazer um papel tão bom- algo que não é difícil tendo em conta o seu reportório- mas o senhor safa-se como actor dramático. Quanto a Rachel McAdams também faz um bom trabalho, mas Taylor Kitsch revelou-se fraco (o esforço que fazia para parecer triste era imenso). Não querendo com tudo isto dizer que não houveram momentos bons, esta temporada deixou muito a desejar. Ao tentarem fazer algo tão complexo, os produtores acabaram por criar algo difícil de acompanhar. Pizzolatto e companhia arriscaram mas perderam a aposta. Às vezes na simplicidade é que está o ganho.


Quanto à banda sonora, não desiludiu. Mais uma vez, a intro é espectacular. A junção das imagens e da música assenta perfeitamente e já como na primeira temporada era das coisas que mais gostava. Mais uma vez encontramos uma cuidadosa escolha de música quando analisamos as suas lyrics: I was not caught/ Though many tried/ I live among you/ Well disguised,/ I had to leave/ My life behind/I dug some graves/ You'll never find.


Quanto ao resto da banda sonora é praticamente toda da conta de Lera Lynn, que aprece recorrentemente na série como uma artista que toca num bar que Velcoro e Frank visitam. Com características sombrias e letras metafóricas, os temas encaixam muito bem com o tema geral da série. T-Bone Burnett, produtor musical da série, merce grande destaque. Deixo-vos com a que mais gostei:

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