06/02/2017

La La Land

La La Land (2016)
Director: Damien Chazelle
IMDb: 8,6
Comedy, Drama, Musical


Mais do que um simples musical, La La Land conquista-nos pelas mensagens escondidas por trás de uma história de amor não tão cor de rosa como alguns filmes do género as pintam. Admito que apesar de todo o hype em volta deste filme e apesar do fã garrido de música que sou, o conceito 'musical' aplicado ao cinema é algo que tendo a detestar. Ora bem, algum dia havia de aparecer algo que me fizesse mudar de ideias! Não sei se pelo facto de ter ido ver o filme com uma expectativa muito baixa ou se por esperar ver só um monte de músicas aborrecidas entrelaçadas com um romance clichê. 

A grande premissa de La La Land passa por não desistirmos dos nossos sonhos e daquilo que nos faz felizes. Mia (Emma Stone) é uma empregada de café, tipo Starbucks, que sonha ser actriz e escrever as suas próprias peças. Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de jazz que procura abrir o seu próprio bar dedicado a este género para que possa conquistar as pessoas através do seu estilo musical predilecto. Depois de se cruzarem duas vezes, primeiro numa autoestrada e depois no bar de onde Sebastian é despedido por não respeitar a setlist imposta pelo seu patrão (J. K. Simmons), os dois protagonistas voltam-se a encontrar meses depois numa festa e rapidamente nos apercebemos do clima amoroso inevitável que paira entre ambos.

Este filme é mais sobre sonhos do que sobre amor, afinal de contas devemos tentar ao máximo levar a nossa vida no rumo que nos faz mais felizes. O debate presente ao longo das mágicas duas horas em que ficamos embevecidos a olhar para o ecrã é maioritariamente sobre as escolhas que o ser humano faz para agradar ao exterior, colocando o seu redor à frente de si mesmo. Mas então, pergunto eu, de que serve o sacrifício da nossa felicidade pessoal em favor da nossa felicidade interpessoal? Podemos estar destroçados por dentro mas se estivermos a agradar a quem está de fora fica tudo bem? La La Land deixa-nos a pensar sobre isso.

Com o desenvolver do seu namoro, Mia e Sebastian divertem-se conhecendo o mundo um do outro. Ora Mia tenta envolver Sebastian no mundo do teatro, ora Sebastian tenta envolver Mia no mundo do jazz. É por volta desta altura que o filme nos atira outra acendalha para a fogueira. Devemos nós abdicar de um sonho para satisfazer a pessoa que mais amamos? La La Land diz-nos que não. Sebastian começa a tocar na banda de um velho amigo chamado Keith (John Legend) e ao ver um concerto desta nova banda, Mia percebe que não tem nada a ver com Seb. Já a peça escrita por Mia acaba por se revelar um fracasso de audiências.


Vou agora escrever sobre a cena que me conquistou.

Mia é convidada para fazer uma audição para um filme, que eventualmente acaba por torná-la numa actriz famosa. Cinco anos passam e tudo mudou. A protagonista encontra-se agora casada com outro homem, com o qual tem uma filha. O novo casal entra então num bar de jazz e curiosamente o pianista é Sebastian e o bar (chamado Seb's por escolha de Mia) é aquele que sempre tinha sonhado abrir. Ao som da música que os uniu, Mia & Sebastian's Theme, os dois tentam imaginar como teria sido a sua vida caso nunca se tivessem separado.  É aqui que o filme atinge o apogeu no que toca à beleza de um amor que nunca atingiu o seu potencial, de dois sonhos que tiveram de crescer em separado e talvez seja por isso que quase lacrimejei quando Mia e Sebastian trocam um último sorriso à saída do bar. Acho que não há um vencedor mais justo para o Óscar de Melhor Filme e só vendo é que vão perceber o porquê. Toda a complexidade tratada com a simplicidade vista e todos os altos e baixos (felicidade e infelicidade) inerentes à vida são traduzidos nesta película de uma das maneiras mais bonitas possível.


"I'm letting life hit me until it gets tired. Then I'll hit back. It's a classic rope-a-dope."

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